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Documento do Mês (AH) – JULHO

Ofício de José da Silva Mendes Leal, Secretário da Classe de Letras, 11 de maio de 1866

Carta manuscrita apresentando a deliberação da Classe de Letras relativa à dispensa de Inocêncio Francisco da Silva ao serviço do Governo Civil de Lisboa, de forma a terminar a obra do Diccionario Bibliographico Portuguez.

Desde a sua fundação que a Academia das Ciências de Lisboa fomentou a atividade literária nacional, nomeadamente através da edição de obras de caráter monumental, destacando-se a continuidade ao nível da publicação de Memórias das classes de Ciências e Letras, bem como de publicações impressas, portadoras do espírito das ciências e letras nacionais. Foi o caso do Diccionario Bibliographico Portuguez, obra de caráter monumental da autoria de Inocêncio Francisco da Silva (1810-1876), eleito sócio correspondente a 24 de fevereiro de 1859, passando a efetivo a 8 de abril de 1862. Saídos do prelo da Imprensa Nacional entre 1858 e 1923 com auxílio do Governo, dos 23 volumes que compõem o Diccionario, apenas 9 contaram com a execução de Inocêncio Francisco da Silva, ficando a continuação da mesma a cargo de Brito Aranha, Gomes de Brito, Álvaro Neves, Joaquim de Araújo, Martinho da Fonseca e Ernesto Soares. O “Documento do Mês” de julho vem, assim, destacar uma carta manuscrita endereçada ao secretário da ACL, José Maria Latino Coelho, com a deliberação da Classe de Letras relativa à solicitação de dispensa de Inocêncio Francisco da Silva do serviço no Governo Civil de Lisboa, de forma a terminar a obra do Diccionario Bibliographico Portuguez. De facto, o próprio evocava no prólogo do primeiro volume: “Por falta de recursos e de tempo tive de furtar muitas vezes as horas ao repouso indispensável, e não poucas cortei por despezas que seriam para outro de urgência immediata, com o fito em economisar os meios de ir gradualmente augmentando a collecção dos meus livros, companheiros queridos e inseparáveis, de que (se não me engano) só a morte me afastará” (1858: XI). A Classe de Letras vira com particular cuidado a “necessidade da sua continuação (…) sequencia e terminação de obra tão meritória, já como registo precioso das nossas riquesas bibliographicas, já como auxiliar poderosissimo dos bons estudos”, evitando que ficasse “truncado, como tantos outros que nos tem grangeado a pouco invejavel reputação de menos sollicitos”. Avaliada a importância da prossecução da obra, interpela a Classe de Letras, em nome do seu secretário, José da Silva Mendes Leal, o apoio da Assembleia Geral da ACL, já que o apoio a esta causa “merece igual consideração a uma e outra Classe”.

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