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Documento do Mês (AH) – Setembro

Parecer de José Correia da Serra, secretário da Academia das Ciências de Lisboa

Minuta manuscrita com proposta de criação de sociedades de agricultura correspondentes para o desenvolvimento da agricultura e da indústria portuguesas, s.d.

O Arquivo Histórico da Academia das Ciências de Lisboa e a iniciativa “Documento do Mês” associam-se, no decorrer do mês de setembro, às atividades em torno da Evocação de José Correia da Serra no bicentenário da sua morte, a assinalarem-se no próximo dia 15, no Salão Nobre da ACL.

Figura incontornável para a história da ciência e das relações diplomáticas em Portugal, José Correia da Serra (1750-1823) prestou contributos fundamentais para a definição de uma visão e programa científico ilustrados, a partir dos quais o conhecimento procurasse ter uma finalidade utilitária. Tendo em vista uma melhoria das condições económicas do país, as questões em torno da agricultura estiveram amplamente presentes no núcleo programático fundacional da Academia das Ciências de Lisboa, consubstanciado no seu Plano de Estatutos (1780), no qual ficava regulamentada uma Comissão para a Indústria, reunindo as “observações e cálculos da Natureza” e a “prática dos Agricultores”, de acordo com o pensamento empírico de aplicação do conhecimento. Foi, neste contexto, que surgiu a proposta de se estabelecerem sociedades de agricultura, organismos correspondentes à ACL que “recebessem della as ideas, os projectos, as sementes novas E que a interrogassem em todas as suas duvidas, e que juntamente lhe comunicassem as suas experiencias”. Como tal, os seus membros deviam ser proprietários de terrenos, escolhendo entre si um diretor e secretário, reunindo semanalmente, e ficando os limites de atuação de cada organismo circunscritos à sua província, como se lê no parecer de José Correia da Serra, secretário da ACL, que agora destacamos no “Documento do Mês” de setembro. Ainda que a proposta não tenha sido imediatamente discutida em Assembleia, uma vez que não consta qualquer referência nos livros de atas (AMARAL, Ilídio do – Nótulas históricas sobre os primeiros tempos da Academia das Ciências de Lisboa. In Memórias da Academia das Ciências de Lisboa. Classe de Letras. Lisboa: Academia das Ciências, 2010, p. 11), desconhecendo-se a concretização prática destes organismos, temos conhecimento da sua aprovação, mais tarde, a 27 de março de 1790, saindo igualmente gorada a sua aplicação. No entanto, as publicações sobre agricultura ocuparam profusamente os primeiros anos da atividade editorial da ACL contribuindo para a reflexão e discussão dos problemas económicos nacionais, publicações que contaram com imprescindíveis contributos de José Correia da Serra, nomeadamente nas Memórias Económicas da Academia Real das Ciências de Lisboa, para o Adiantamento da Agricultura, das Artes e da Indústria em Portugal, e suas Conquistas, publicadas entre 1789 e 1815.

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