#11 Novembro Documento do Mês_Destaques

Documento do Mês (AH) – novembro

Carta de João Pedro da Costa Basto dirigida a Manuel Joaquim Pinheiro Chagas, Secretário Geral, dando conta do estado dos trabalhos da Portugaliae Monumenta Historica, 25 de novembro de 1897

Carta manuscrita sobre a continuação da obra de Alexandre Herculano

Cota: Classe de Letras, Correspondência, cx. 2B, João Pedro da Costa Basto, n.º 3

 

Sob o signo do Positivismo, o século XIX simbolizou a afirmação do paradigma de uma história-ciência sustentada pela autoridade atribuída aos documentos-monumentos, para o qual veio também contribuir a proliferação de academias de ciência como polos de discussão, investigação e produção científica. No plano nacional, a Academia das Ciências de Lisboa desempenhou um papel fulcral na transformação do panorama historiográfico português, sobretudo a partir do momento em que dá início ao financiamento do projeto liderado por Alexandre Herculano (1810-1877) para a recolha, transcrição e publicação crítica de documentos – Portugaliae Monumenta Historica –, em 1856, contando com a colaboração de diversos paleógrafos e diplomatistas w tendo por base o modelo alemão da Monumenta Germaniae Historica.
Após o falecimento do historiador, a direção dos Monumenta ficara, por incumbência da Classe de Letras em sessão de 1 de março de 1884, designada ao oficial maior do Arquivo Nacional da Torre do Tombo, sócio efetivo e membro da mesma Classe na secção História e Antiguidades, João Pedro da Costa Basto, dando seguimento ao trabalho heurístico e de acesso à informação iniciado pelo historiador. No Documento do Mês de novembro destacamos a carta enviada, a 25 de novembro de 1897, por este sócio ao secretário-geral da ACL, à época Manuel Joaquim Pinheiro Chagas, na qual reflete sobre a continuação da obra.
Nesta carta, o autor testemunha a sua hesitação na forma de como deveria dar continuidade à coleção “porque se me afigurava ir commetter um verdadeiro desacato juntando os meus imperfeitos trabalhos aos do grande escriptor, e julgava mais digno e mais justo conserval-os [sic], como um dos seus títulos de gloria, no estado em que elle os deixou, procurando eu outro ramo da mesma arvore onde tentasse corresponder á confiança da Classe” (fls. 1-1v). Revela, então, que optou por seguir com o estudo e publicação das Inquirições por serem estas as peças que, juntamente com os Forais, nas palavras de Herculano, compõem a base para o estudo da “exposição da economia do paiz naquelas epochas” e para o conhecimento da “situação das Classes populares e da propriedade”, passagens que cita diretamente do 3.º tomo do historiador na sua História de Portugal desde o começo da monarchia até ao fim do reinado de Affonso III (ca. 1875).
O espírito de renovação científica personificado em Alexandre Herculano e veiculado pela ACL na publicação dos Portugaliae Monumenta Historica vê-se continuado com a publicação de novos volumes até à atualidade, tendo o último saído do prelo no ano de 2020, dedicado à 2.ª parte dos Leges et Consuetudines: Forais e Cartas de Povoamento (1245-1385).

 

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