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João Almeida Flor (1943-2024)

A Academia das Ciências de Lisboa e os Estudos Anglísticos em Portugal ficam mais pobres com a partida de João Almeida Flor. Será recordado com saudade pelos amigos, discípulos e colegas que com ele de perto conviveram, sobretudo na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
João Almeida Flor foi um dedicado membro da Classe de Letras da Academia das Ciências de Lisboa. Em novembro passado deliciou os que o escutaram sobre “Hamlet na Serra Leoa”, surpreendente revelação de um espetáculo cénico shakespeariano, em 1607, a bordo de uma nau portuguesa da Carreira da Índia, testemunhado por um comandante naval britânico. A comunicação pode ser revista aqui.


Há poucas semanas enviou-nos aquele que terá sido um dos últimos textos que escreveu: a entrada para o Dicionário Histórico-Biográfico da Academia das Ciências de Lisboa sobre William Julius Mickle (1734-1788), autor da segunda tradução inglesa de Os Lusíadas, publicada em 1776, e que foi um dos primeiros sócios correspondentes estrangeiros da Academia.
Aos familiares de João Almeida Flor apresentamos sentidas condolências.

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Destaque da Biblioteca | Microcosmos

O Microcosmo que Contém Diversos Quadros da Vida Humana” é uma obra literária traduzida do francês para o português por Carlos Del Sotto, publicada em 1702. Este livro é uma coletânea de narrativas que retratam diferentes aspetos da vida humana. O termo “microcosmo” sugere que a obra aborda uma diversidade de situações e personagens que refletem a complexidade da existência humana numa escala reduzida, como um universo em miniatura. A tradução para o português facilitou o acesso a esta obra em países de língua lusófona, contribuindo para a disseminação de ideias e narrativas na época.

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Documento do Mês (AH) | Março

Carta de José Júlio Bettencourt Rodrigues dirigida a José Maria Latino Coelho, Secretário, esclarecendo o modo como se encontra planeada a construção da Secção Fotográfica, serviço pertencente à Direção Geral dos Trabalhos Geodésicos, Topográficos, Hidrográficos e Geológicos do Reino, em espaço concedido no edifício da Academia das Ciências de Lisboa, remetendo planta do projeto

Cota: Classe de Ciências, Correspondência, cx. 2B, José Júlio Bettencourt Rodrigues, n.º 3

A Secção Photographica da Direção Geral dos Trabalhos Geodésicos, Topográficos, Hidrográficos e Geológicos do reino era criada por portaria régia a 15 de novembro de 1872, consolidando uma realidade institucional que o seu principal impulsionador, José Júlio Rodrigues (1843-1923), lente de química da Escola Politécnica de Lisboa, procurava, desde há anos, afirmar em Portugal. De facto, registaram-se várias propostas do estabelecimento de um serviço especializado em fotografia, não apenas para o aperfeiçoamento da sua técnica, como no seu instrumento científico ao serviço da cartografia e geografia nacionais.
Foi, assim, com base na sua relação de membro da Classe de Ciências, que José Júlio Rodrigues entende propor a instalação da Secção Fotográfica no edifício da Academia das Ciências de Lisboa. A 14 de fevereiro de 1856, em resposta a ofício remetido pelo Secretário, José Maria Latino Coelho, o académico esclarecia de que modo se encontrava planeada a construção do espaço concedido no terraço interior, cujas despesas ficariam integralmente a cargo da Direção-Geral. A fim de demonstrar a praticabilidade da sua proposta, José Júlio Rodrigues anexa à sua carta uma planta legendada do projeto, a partir da qual se pode inferir a localização prevista no edifício. De facto, ainda que pareça ter existido autorização da parte da direção académica para a criação deste espaço, a sua construção não se chegou a realizar, ficando por conhecer as circunstâncias que levaram ao embargo deste projeto.
Apenas sete anos em funcionamento, a Secção Fotográfica da Direção Geral dos Trabalhos Geodésicos, Topográficos, Hidrográficos e Geológicos do reino acabou por ser extinta a 27 de dezembro de 1879, ficando designada a transferência de todo o seu material para a Imprensa Nacional, por ordem do Ministério das Obras Públicas.

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Destaque do Museu | Falsos ídolos de divindade

No contexto da celebração do tricentenário do seu nascimento, a Academia das Ciências de Lisboa presta homenagem a Frei Manuel do Cenáculo Villas-Boas (1724-1815). Provincial da Ordem Terceira de São Francisco e sócio da Academia, destacou-se como um ávido colecionador de obras literárias, antiguidades e um fervoroso defensor do conhecimento público.


Entre as suas múltiplas contribuições inclui-se a fundação de diversas bibliotecas em todo o país, incluindo a construção da Livraria do Convento da Nossa Senhora de Jesus – espaço atualmente conhecido como Salão Nobre – para a qual doou milhares de livros da sua coleção pessoal. Envolvido neste cenário característico da ilustração, Frei Manuel do Cenáculo incentivou ainda a criação de gabinetes de antiguidades, visando utilizar a cultura material como um meio de inspiração e aprendizagem. Estes gabinetes, especializados em objetos antigos como moedas, medalhas e peças arqueológicas, estavam frequentemente associados a bibliotecas para facilitar o seu estudo.


Nas coleções do Museu da Academia das Ciências de Lisboa existe um conjunto de objetos que se assume terem pertencido às coleções do religioso. Exemplo são os dois objetos de terracota, cujas características técnicas, iconográficas e epigráficas – como os carateres tartéssios “inventados” na inscrição – indica tratar-se de falsos, que pretendiam passar por ídolos pré-romanos. No entanto, o objetivo destas peças não era de natureza mercantilista, mas de ilustrar categorias de objetos suscetíveis de poderem idealizar produções autênticas, mas que não estavam disponíveis na Academia. Ambos são datáveis, muito provavelmente do último quartel do século XVIII, uma vez que refletem o interesse suscitado pelos estudos pioneiros sobre epigrafia tartéssica, empreendidos nesses anos por Manuel do Cenáculo, conforme documentado pelo seu famoso Álbum Cenáculo. Esta ideia é reforçada pelas semelhanças apresentadas entre algumas peças falsas dos gabinetes de antiguidades da Real Academia das Ciências de Lisboa, da Real Biblioteca Pública da Corte e do Reino, da Biblioteca do seu Palácio Episcoal de Beja e da Biblioteca de Évora, que acabaram no Museu de Évora.


Conheça o património da Academia das Ciências de Lisboa e o seu Museu, todos os dias úteis, exceto feriados, entre as 14h00 e as 17h00.

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Concurso Aberto para Bolsa de Investigação na Biblioteca da Academia das Ciências de Lisboa

Encontra-se aberto concurso para atribuição de uma bolsa de investigação (BI) no âmbito da Biblioteca da Academia das Ciências de Lisboa. Nos termos do Regulamento de Bolsas de Investigação da Academia das Ciências de Lisboa (ACL), estabelecido pelo Regulamento n.º 582/2022, conforme publicado no Diário da República, 2.ª série, n.º 123 de 28 de junho de 2022, disponível no site oficial da ACL, e de acordo com o Estatuto do Bolseiro de Investigação Científica, aprovado pela Lei n.º 40/2004.

O bolseiro selecionado participará em atividades relacionadas com o desenvolvimento de um sistema de informação destinado a apoiar a transcrição, anotação e publicação do catálogo da biblioteca privada do Abade José Correia da Serra. O catálogo em questão consiste numa digitalização de um manuscrito contendo 492 páginas com 1580 fichas bibliográficas.

O objetivo principal é analisar o problema e conceber uma solução na forma de um sistema online. Este sistema permitirá a gestão individual e agregada das imagens de cada ficha, a transcrição estruturada do conteúdo, a classificação e anotação desse conteúdo, bem como a ligação a referências externas, como catálogos de bibliotecas e wikidata, seguindo as boas práticas para bibliotecas digitais e web semântica.

O ambiente de trabalho colaborativo será acessível apenas a utilizadores registados, com uma interface pública para pesquisa e navegação.

Os interessados deverão consultar o regulamento e as condições de candidatura Aqui
Fim do prazo de candidatura: 8 de março de 2024

Para mais informações, contacte o seguinte email: geral [at] acad-ciencias.pt

A Academia das Ciências de Lisboa espera contar com candidaturas qualificadas e motivadas para contribuir para este importante projeto de preservação e divulgação do património bibliográfico.

Thesaurus de Ciências da Terra Quadros das Divisões Estratigráficas (2)

Apresentação dos Quadros das Divisões Estratigráficas

Os volumes sobre os Quadros das Divisões Estratigráficas, recentemente publicados pela Academia das Ciências de Lisboa, integrados na série Thesaurus de Ciências da Terra, vão ser apresentados no Departamento de Ciências da Terra da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC).
A apresentação, seguida de discussão, está a cargo dos editores científicos, M. J. Lemos de Sousa e Ana Salgado, no dia 23 de fevereiro de 2024 entre 15 e as 17 horas, no anfiteatro C do edifício central (estrutura central) da FCTUC.

Consulte os Quadros aqui

Academia Das Ciências de Lisboa Cria Comunidade com a Grupo Greenvolt (1)

Academia Das Ciências de Lisboa Cria Comunidade com o Grupo Greenvolt

A Academia das Ciências de Lisboa e a Greenvolt Comunidades uniram esforços num projeto ambicioso de implementação de uma Comunidade de Energia. Neste empreendimento colaborativo, a academia instalará painéis solares fotovoltaicos na cobertura do antigo Convento de Nossa Senhora de Jesus para gerar energia limpa. Essa energia será utilizada para preencher as necessidades da própria academia, reduzindo a sua dependência da rede elétrica convencional. Além disso, o excedente de energia produzido será partilhado com a comunidade local, contribuindo para uma oferta mais sustentável e acessível. Esta parceria entre uma instituição centenária e uma empresa líder no setor de energias renováveis demonstra um compromisso conjunto com a transição para um futuro mais sustentável e com a redução das emissões de carbono. Esta iniciativa não apenas beneficia a academia e a comunidade, mas também serve como um modelo inspirador para outras instituições e empresas que desejam adotar práticas mais ecológicas e responsáveis.


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EASAC Apela a um Tratado Internacional para Reduzir a Produção de Plásticos e Promover a Circularidade

A Academia das Ciências de Lisboa participa regularmente nas atividades da EASAC (European Academies Science Advisory Council), cujo principal objetivo é o de contribuir para a definição e acompanhamento de políticas públicas através de aconselhamento científico independente. Os relatórios e pareceres produzidos pela EASAC são documentos da maior importância para a construção de uma visão científica informada sobre desafios e problemas de grande relevância que suscitam a definição de políticas em benefício de um futuro sustentável.
A ACL está representada no Council da EASAC através da académica Isabel Sá-Correia, sócia efetiva da 5ª secção (Ciências Biológicas) da Classe de Ciências.
Um dos últimos relatórios produzidos pela EASAC, o EASAC Plastics Report: Towards a Plastics Treaty, representa um alerta e um apelo para uma redução significativa da produção, consumo e desperdício de plástico.

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Destaque da Biblioteca | Supplemento das memorias da paz de Utrecht

Supplemento, das memorias da paz de Utrecht offerecido ao S.r Infante Dom Manoel por D. Luis da Cunha Embaixador Extraordinario de Sua Magestade na corte da Gram Bretanha [Manuscrito] / D. Luis da Cunha. – 1716. – Em pergaminho com uma gravura representando as negociações do tratado – Cópia. – Contém a negociação secreta entre França e Inglaterra, conforme os documentos que depois se descobriram e que foram traduzidos por D. Luís da Cunha.