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Destaque do Museu – Março

Frei Manuel do Cenáculo Villas-Boas

A Academia das Ciências de Lisboa celebra o nascimento da figura de Frei Manuel do Cenáculo Villas-Boas (1724-1815), que completaria este mês 299 anos de idade. Nascido a 1 de março de 1724, este religioso franciscano pertencente à ordem terceira de São Francisco, destacou-se na atividade pedagógica e no intenso mecenato das ciências, artes e letras. Ávido colecionador de obras literárias, foi o impulsionador na criação de várias bibliotecas e museus por todo o país com o intuito de alargar o conhecimento ao público.
O seu contributo à Academia não passa despercebido. No segundo quartel do século XVIII incentivou a construção da biblioteca do Convento da Nossa Senhora de Jesus – espaço atualmente conhecido como Salão Nobre – para a qual doou milhares de livros da sua coleção pessoal.

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Acordo de cooperação científica com a Academy of Scientific Research and Technology of Egypt

A Academia das Ciências de Lisboa assina, com a Academy of Scientific Research and Technology of Egypt, um acordo de cooperação científica. O acordo foi assinado no Cairo no âmbito de uma visita do MCTEs ao Egito, em que Portugal participou como país convidado para a 7.ª Exposição Internacional Sobre Inovação, nos dias 13 e 14 de fevereiro. O Presidente da ACL esteve presente e participou numa mesa redonda sobre temas de diplomacia científica.

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Documento do Mês (AH) – Fevereiro

Carta da Académie des Inscriptions et Belles-Lettres (Institut Impérial de France) à Academia das Ciências de Lisboa, 11 de março de 1862.

–  Carta manuscrita que testemunha a atividade de cooperação mantida entre organizações científicas na Europa oitocentista, dando conta de monografias oferecidas pela ACL e respetivos agradecimentos.

A par da renovação do pensamento científico e filosófico, assistiu-se, nos séculos XVII e XVIII, à proliferação de academias e sociedades científicas, concomitantemente espaços de organização e institucionalização da ciência, e centros de legitimação sociocultural das classes média e alta. Como instituições de e para a elite, ser-lhes-ia reconhecida autonomia jurídica por via do patrocínio régio e da concessão de prerrogativas concretas – como o direito à autonomia estatutária e a deter imprensa própria –, servindo também de corporações de consultoria técnica dos governos que as promovessem. À imitação de todas as nações cultas, como designado no Plano de Estatutos de 1780, desde a sua fundação que a Academia das Ciências de Lisboa (ACL) empreendeu esforços no âmbito da produção e divulgação do conhecimento científico moderno, ou não fossem os seus principais impulsionadores membros ativos da Royal Society e da American Philosophical Society, como D. João Carlos de Bragança, 2.º Duque de Lafões (1719-1806), e o abade José Corrêa da Serra (1750-1823). Neste sentido, a atuação da ACL pautou-se pela criação de redes de contacto com instituições congéneres, que logo se tornaram suas correspondentes assíduas. Da extensa lista de academias e institutos científicos com que a ACL se correspondia, encontra-se a Académie des Inscriptions et Belles-Lettres, fundada em 1663 por Jean-Baptiste Colbert (1619-1683), e posteriormente integrada no Institut de France. O “Documento do Mês” de Fevereiro vem, assim, destacar um exemplar de correspondência manuscrita entre corpos científicos endereçada ao Secretário-Geral da ACL, à época José Maria Latino Coelho (1825-1891). Datada de 11 de março de 1862, esta carta confirma a receção e agradece as sete obras remetidas pela ACL no ano anterior, as quais teriam sido já apresentadas em assembleia e depositadas na biblioteca do Institut de France. Entre estas, destacam-se Annaes das Sciencias e Letras publicados debaixo dos auspícios da Academia Real das Sciencias de 1857 e 1858, e duas secções da emblemática Portugaliae Monumenta Historica, “Scriptores” e “Leges et Consuetudines”. O Fundo Geral do Arquivo Histórico da ACL conserva um número considerável de cartas provenientes de organizações científicas homólogas, com as quais ainda hoje se corresponde e troca obras publicadas. Nas últimas décadas, tal proximidade motivou a criação de associações interacadémicas para a cooperação internacional, das quais a ACL é membro. Arquivo Histórico da Academia das Ciências de Lisboa

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Transcrição do Documento

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Adesão ao Projeto RCAAP

A ACL já se encontra integrada no projeto Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP). O Repositório Aberto da Academia das Ciências de Lisboa, publica e divulga a produção intelectual e científica institucional, e promove a divulgação do seu acervo bibliográfico. Sempre que possível permite o acesso livre e integral dos documentos.

Visitar RCAAP Aqui

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Mostra Documental – Guarda-Mor

Durante o mês de fevereiro, o Arquivo Histórico da Academia das Ciências de Lisboa destaca a secção do Guarda-Mor dos Estabelecimentos, órgão regulamentado por alvará régio de 1791, em mostra documental localizada na antecâmara da Biblioteca.

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ILLLP e CEHUM promoveram um seminário lexicográfico

Nos dias 20 e 27 de janeiro, o ILLLP, em parceria com o Centro de Estudos Humanísticos da Universidade do Minho (CEHUM), dinamizou um seminário lexicográfico dirigido aos alunos do Mestrado Europeu em Lexicografia (EMLex), Programa Erasmus Mundus da Escola de Letras, Artes e Ciências Humanas da Universidade do Minho. As sessões incidiram sobre a história e a evolução dos dicionários académicos portugueses, tendo sido ministrada formação teórica e prática no âmbito da elaboração de dicionários de língua geral, especificamente sobre obras produzidas por academias.

O convite, endereçado pela diretora do curso EMLex, Professora Doutora Idalete Dias, vem no seguimento do protocolo entre a Academia das Ciências de Lisboa (ACL) e a Universidade do Minho para a elaboração da versão digital do Dicionário da Língua Portuguesa da ACL. As sessões foram dinamizadas pela Doutora Ana Salgado, presidente do ILLLP.

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Cleonice Berardinelli (1916-2023)

Com enorme pesar informamos que morreu com 106 anos Cleonice Berardinelli, Sócia Correspondente Brasileira da Academia das Ciências de Lisboa e figura cimeira da história da literatura e cultura luso-brasileira.

Aos seus familiares e amigos apresentamos sentidas condolências. Uma especial e fraterna lembrança à Academia Brasileira de Letras, que contou com a presença de Cleonice Berardinelli como sua destacada e insigne figura, recordada e homenageada nesta mensagem.

Cleonice Berardinelli foi mestra de todos os brasileiros que estudaram e lecionaram a literatura portuguesa, e foi também mestra de muitos que, em Portugal, puderam usufruir da sua sabedoria, sempre luminosa e cintilante. Ouvi-la falar de Camões, de Gil Vicente, de Fernando Pessoa, entre tantos outros autores, era sempre uma experiência extraordinária. Todos recordamos os seus estudos sobre um dos textos que ela mais amou, Os Lusíadas. A sua interpretação, sempre fina e elegante, abriu portas a leituras de muitos colegas e discípulos, e a densidade do seu saber iluminou todos os que puderam usufruir das suas lições, no Brasil e em Portugal.

Helena Buescu (e também Hélder Macedo, Carlos André e Onésimo Almeida)

Um testemunho já saudoso

Por Guilherme D’Oliveira Martins

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Destaque do Mês – Janeiro

Num mundo de massificação da tecnologia, onde os teclados de computador são considerados por muitos o novo e mais prático método de escrita, dedicamos algumas linhas da primeira newsletter do ano à arte da escrita à mão, comemorada a 23 de janeiro. Entre o excecional património bibliográfico da Academia das Ciências de Lisboa são centenas os manuscritos que poderiam ser evocados. Pela riqueza da mão caligráfica, damos a conhecer dois exemplares que se destacam entre o vasto conjunto documental. primeiro trata-se da conhecida Crónica Geral de Espanha cujo elevado valor literário, histórico, cultural e artístico faz com que tenha sido alvo de interesse por parte de vários autores, das numerosas áreas do saber. A autoridade desta crónica medieval portuguesa não se esgota apenas no relato do papel de Portugal na reconquista cristã. Desde a abertura do prólogo até à última página somos surpreendidos com a singularidade de todo o programa decorativo, onde habitam figuras humanas, fantásticas, animais, objetos ou os motivos vegetalistas. As grandes iniciais historiadas que adornam as margens e introduzem os parágrafos do manuscrito (e do presente texto) são o reflexo da colorida imaginação do(s) seu(s) iluminista(s). Por ser a instituição com o maior número de manuscritos árabes em território nacional – que provêm das intensas missões de evangelização e missionação dos religiosos no próximo oriente – selecionámos um documento do religioso fr. João de Sousa (1735-1812), também conhecido por Yuhannā ad-Dimasqī. Académico correspondente da Academia Real das Ciências de Lisboa, dedicou parte significativa da sua vida ao estudo, ensino e tradução da sua língua materna, o árabe, quer falado como escrito. Enquanto intérprete régio e docente, foi autor de uma vasta obra, impressa e manuscrita, de gramáticas, léxicos e manuais de ensino. Esta vertente pedagógica de fr. João de Sousa é notória no prólogo de um dos seus manuscritos onomásticos, datado de 1778, onde escreve: “Para suprir de algum modo huma cousa quasi impossível me propuz a escrever este papel (…)”. Trata-se de um texto bilingue, em árabe e português, onde o arabista traduziu termos, orações, diálogos comuns ou categorias de palavras tão variadas como profissões,cores, meses do ano, animais ou os números. Conservam-se ainda outros vestígios da importância da escrita para os religiosos do antigo Convento da Nossa Senhora de Jesus. A ordem franciscana, não raras vezes associada a uma menor projeção textual comparativamente com outras ordens e congregações religiosas, não ignorou o potencial comunicativo da palava escrita.Nas mãos dos diversos franciscanos retratados – como fr. José Mayne (1723-1792), fr. Francisco de Jesus Maria Sarmento (1713-1790) ou fr. Manuel dos Anjos (1695-1653), respetivamente – identificamos os instrumentos de escrita predominantes nos séculos XVII e XVIII, a pena e o tinteiro.

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Documento do Mês (AH) – Janeiro

Ofício da Academia das Ciências de Lisboa a D. Maria I, c. 1790/1798

– Carta manuscrita que retrata o estado de degradação dos arquivos do Reino com proposta dos sócios académicos para a sua conservação e organização.

 

A primeira edição do “Documento do Mês” inicia com um ofício apresentado pelos sócios da Academia das Ciências de Lisboa a D. Maria I (r. 1777-1816), no qual se procede à descrição do estado dos Archivos das Camaras deste Reyno. Sem conseguirmos determinar a datação exata deste documento e sua autoria, sabemos que, de facto, os primeiros exames aos arquivos municipais remontam à segunda metade do século XVIII, com o destaque para os trabalhos de João Pedro Ribeiro (1758-1839) e Fr. Joaquim de Santo Agostinho (1767-1845), incumbidos pela própria Academia, da qual eram sócios efetivos da Classe de Letras. Constatando com magoa a degradação de Documentos, considera-se que esta conjuntura seja estrutural da administração central do Reino, pela falta de observância quanto à conservação do património documental que já se verificava nos governos predecessores ao de D. Maria I. Por um lado, nota-se a saída de documentos dos arquivos e seu alheamento por parte de particulares, interrompendo-se as cadeias de custódia, como foi possível constatar nos antigos Índices e respetivos traslados. Por
outro, os Sócios alertam para o escuzo, obscuro e humido acondicionamento dos papéis e pergaminhos que, lançados a monte no fundo de hua Arca ou Armario, perdem o seu contexto orgânico-institucional e, em grande medida, a relação entre si, da qual resulta a confuzão e dezordem. Neste sentido, de forma a evitar a perpetuação dos estragos e a impedir a repetição dos mesmos males, a Academia avança com um conjunto de propostas para a conservação e organização dos documentos. Em primeiro lugar, para o seu acondicionamento sugere-se a utilização de armários abertos com grades, de modo a promover a circulação do ar e a evitar a concentração de humidade, dando preferência a salas com estrutura em abóbada. De seguida, propõe-se a encadernação de documentos avulsos e pergaminhos em maços por tipologia e ordem cronológica (alvarás, cartas régias, provisões e instrumentos judiciais, etc.). Depois, a
existência de, pelo menos, três chaves para a guarda do arquivo. Previa-se também a inventariação dos documentos conservados pelos cartórios e sua entrega à correição da comarca, tutelada pelo respetivo Ministro Superior. Por último, reitera-se a intransigência quanto ao extravio de documentação dos arquivos e cartórios sem ordem expressa da Casa Real. As Observações históricas e críticas de João Pedro Ribeiro, publicadas em 1798, vão precisamente ao encontro destas constatações, explanadas na sua segunda parte, intitulada “Sobre a necessidade de acautelar pelos meios oportunos a total ruina dos Cartórios” – o que nos permite presumir a sua participação na composição do ofício apresentado -, que destacamos como primeiro “Documento do Mês”

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