A longevidade ou porque importa criar uma nova agenda urbana
Ana Tostões | IST-ULisboa
O mundo envelhece numa passada inexorável, um caminho que a sociedade vai percorrendo. A natalidade não parece interromper uma tendência de descida pelo menos quando olhamos, ano após ano, para a demografia dos países desenvolvidos.
A esperança-média de vida das pessoas vem aumentando nos países “ocidentais”. Por volta de 2050, Portugal deverá ter uma preocupante percentagem de população idosa e dependente. O progressivo incremento desta parte da população a que chamamos “idosos” marcará, num futuro próximo, o tecido social e económico português.
A velhice traz consigo tendência para o declínio cognitivo, para a solidão, para dificuldades na mobilidade, para um certo empobrecimento do sentido de viver e agrava a tristeza pelos que partem. O aumento irreversível do número de “idosos” obriga a sociedade, como um todo, a olhar para o modo de cuidar dos velhos retribuindo-lhes, no final das suas vidas, parte do que deles recebeu. O avanço da idade acompanha o aumento de prevalência de patologias crónicas porque “a velhice nunca viaja sozinha”. Está associado a custos sociais e responsabilidades nomeadamente para as gerações mais novas.
A sociedade necessita de pensar e encontrar espaços para integrar as capacidades dos seus “velhos novos”, pois o valor das capacidades físicas e intelectuais de muitos podem ser aproveitadas muito para lá do termo do tempo laboral autorizado com mútuo benefício social e pessoal. Este ciclo adota um título inspirado em João Lobo Antunes – No ocaso da vida –.
Nele se promove, através do conhecimento, uma reflexão sobre a responsabilidade coletiva nas formas de valorizar os idosos, reconhecendo-lhes a capacidade de dar um contributo ativo, qualificado, experiente, maduro em tarefas do presente para melhor pensar o futuro.