Carta de Francisco Vasques, oficial de Secretaria da Academia das Ciências de Lisboa, remetendo dados biográficos a pedido do Secretário-Geral
Código de referência: PT/ACL/ACL/C/019/000001
O presente “Documento do Mês” de outubro revisita, através de um registo biográfico autógrafo, o percurso de Francisco Luís de Carvalho Vasques enquanto amanuense e oficial da Secretaria da Academia das Ciências de Lisboa, funções que desempenhou entre 1910 e 1931. Como funcionário, seguira os passos do seu pai, José Vasques, por sua vez contínuo da Biblioteca e porteiro do edifício da Aula Maynense desde c. 1861 até inícios do século XX. Ambos naturais de Lisboa, freguesia de São Paulo, em conjunto prestaram perto de 70 anos de serviço e apoio ao funcionamento quotidiano e institucional da ACL, tal como evidenciam os registos conservados no Arquivo e no Fundo respetivo.
Pela nota biográfica remetida ao Secretário-Geral ficamos, portanto, a conhecer o percurso de Francisco Vasques: natural de Lisboa e casado com Leonor de Mendonça da Silva Vieira Vasques, entrou ao serviço da ACL a 14 de maio de 1910 a convite de Ramalho Ortigão (1836-1915) – que também servira de oficial da Secretaria desde c. 1867 até esse mesmo ano, no qual foi eleito sócio da Classe de Letras – e em substituição de Tomás Manique, prestando-o de forma gratuita até ao início do mês de junho, altura em que é oficializado “amanuense interino”. No ano seguinte passa a amanuense efetivo e, em 1918, após o falecimento do 2.º oficial de Secretaria, António da Costa Moreira, é nomeado para essa função em Assembleia Geral, que desempenha por treze anos até se aposentar pela “lei de limite de idade”.
A Francisco Vasques se deve a elaboração, em 1911, da “Relação dos quadros existentes nas salas do rés-do-chão” (PT/ACL/ACL/C/012/000056), implicando um conhecimento geral dos espaços e coleções da Academia. Já os registos de correspondência trocada entre os sócios e Francisco Vasques permitem-nos perceber de que forma lhe seriam confiadas uma série de funções afetas à Secretaria e à ACL: desde a custódia dos estatutos e regulamentos, procedendo à sua cópia após requisição dos académicos; ao controlo dos pareceres para a eleição de novos sócios, permitindo a sua consulta; acesso às resoluções tomadas em Assembleia Geral, através das atas; empréstimo de manuscritos da Biblioteca e ao processo de edição de publicações, provas de revisão e tiragem de exemplares (veja-se as ‘relações’ associadas ao ‘registo de autoridade’ disponível para consulta em linha através da base de dados do Arquivo).
Uma vez mais, à semelhança do “Documento do Mês” de setembro, podemos procurar perspetivar de forma mais próxima a vida quotidiana e institucional da ACL através do papel dos funcionários que, a par dos Académicos, com quem colaboravam diariamente, desde a sua fundação até à atualidade, não só determinaram como influenciaram o seu funcionamento.