A o encontro da Sociedade – O Futuro do Oceano
O Oceano na Agenda das Nações Unidas
A Década da Ciência dos Oceanos e o Oceano que Queremos – Luís Menezes Pinheiro (UA e COI-Portugal)
A Avaliação Mundial do Oceano – Prospetivas para um Oceano Saudável – Maria João Bebianno (Ualg e World Ocean Assessment)
Ao longo da história, os oceanos têm sido uma base de mistério e inspiração para a humanidade, um meio de subsistência e de progresso científico. Sustentam a vida na Terra e oferecem inúmeras oportunidades para impulsionar o desenvolvimento sustentável em vários domínios. A exploração sustentável de recursos marinhos pode alimentar uma população global crescente e impulsionar a indústria de bio produtos nomeadamente bioplásticos e biocombustíveis. Os oceanos representam uma fonte promissora de energia limpa utilizando tecnologias baseadas na energia das ondas e marés. A digitalização dos oceanos, utilizando sistemas avançados de monitorização e coleta de dados, pode permitir uma gestão mais eficaz dos recursos marinhos e uma compreensão mais rigorosa da circulação das correntes e dos ecossistemas oceânicos. Os oceanos desempenham papel crucial na regulação do clima global, atuando como um importante sumidouro de carbono. Porém, esse processo conduziu à acidificação dos oceanos que afeta negativamente a vida marinha e impacta a sua distribuição.
A Convenção Internacional sobre o Direito do Mar, um acordo monumental, não ficou suficientemente preparada para a resolução de problemas não suficientemente evidentes mas já existentes e cada vez mais graves como a acidificação, a perda de biodiversidade, a desoxigenação, novos poluentes como o plástico, o impacto de espécies exóticas, o aumento da temperatura e fusão dos gelos polares.
A biodiversidade marinha enfrenta uma crise inédita. A sua conservação não é apenas uma questão de responsabilidade ambiental mas também uma necessidade para garantir a segurança alimentar, a saúde dos ecossistemas e a estabilidade do clima global. A governação dos oceanos é uma questão crítica no cenário global. Dada a sua natureza transfronteiriça, são essenciais uma governação eficaz e cooperação internacional para garantir a sua sustentabilidade. Uma boa governação requer conhecimentos rigorosos e complexos e atenção redobrada.
Não se trata apenas de promover e valorizar a evidência científica, mas também de combater mentiras promovidas por falsas notícias e crenças pós-factuais. Urge combater a negação dos dados e refutar a fábrica de realidades paralelas associada a um misto de ignorância e irresponsabilidade politica. Abraçar estes desafios e atender às necessidades em constante evolução do Oceano do Futuro é uma responsabilidade para proteger o bem-estar de nosso planeta e dos seus habitantes. A recente viragem no reconhecimento da importância deste vasto ecossistema levou à adoção de medidas coletivas para enfrentar os problemas em questão. Fomentar a cooperação global, abraçar inovações tecnológicas, promover a conservação e restauração deste ecossistema e adotar medidas de ação climática permitirá garantir um futuro mais sustentável e próspero para o Oceano global, para as gerações atuais e futuras. À medida que olhamos para o futuro, torna-se claro que o oceano desempenhará um papel crítico no caminho para um mundo mais sustentável. O caminho é sinuoso e ainda incerto pelo que merece uma reflexão profunda. É esta reflexão que o Instituto de Altos Estudos da Academia das Ciências de Lisboa pretende promover com este ciclo.