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Documento do Mês (AH) – Fevereiro

Carta da Académie des Inscriptions et Belles-Lettres (Institut Impérial de France) à Academia das Ciências de Lisboa, 11 de março de 1862.

–  Carta manuscrita que testemunha a atividade de cooperação mantida entre organizações científicas na Europa oitocentista, dando conta de monografias oferecidas pela ACL e respetivos agradecimentos.

A par da renovação do pensamento científico e filosófico, assistiu-se, nos séculos XVII e XVIII, à proliferação de academias e sociedades científicas, concomitantemente espaços de organização e institucionalização da ciência, e centros de legitimação sociocultural das classes média e alta. Como instituições de e para a elite, ser-lhes-ia reconhecida autonomia jurídica por via do patrocínio régio e da concessão de prerrogativas concretas – como o direito à autonomia estatutária e a deter imprensa própria –, servindo também de corporações de consultoria técnica dos governos que as promovessem. À imitação de todas as nações cultas, como designado no Plano de Estatutos de 1780, desde a sua fundação que a Academia das Ciências de Lisboa (ACL) empreendeu esforços no âmbito da produção e divulgação do conhecimento científico moderno, ou não fossem os seus principais impulsionadores membros ativos da Royal Society e da American Philosophical Society, como D. João Carlos de Bragança, 2.º Duque de Lafões (1719-1806), e o abade José Corrêa da Serra (1750-1823). Neste sentido, a atuação da ACL pautou-se pela criação de redes de contacto com instituições congéneres, que logo se tornaram suas correspondentes assíduas. Da extensa lista de academias e institutos científicos com que a ACL se correspondia, encontra-se a Académie des Inscriptions et Belles-Lettres, fundada em 1663 por Jean-Baptiste Colbert (1619-1683), e posteriormente integrada no Institut de France. O “Documento do Mês” de Fevereiro vem, assim, destacar um exemplar de correspondência manuscrita entre corpos científicos endereçada ao Secretário-Geral da ACL, à época José Maria Latino Coelho (1825-1891). Datada de 11 de março de 1862, esta carta confirma a receção e agradece as sete obras remetidas pela ACL no ano anterior, as quais teriam sido já apresentadas em assembleia e depositadas na biblioteca do Institut de France. Entre estas, destacam-se Annaes das Sciencias e Letras publicados debaixo dos auspícios da Academia Real das Sciencias de 1857 e 1858, e duas secções da emblemática Portugaliae Monumenta Historica, “Scriptores” e “Leges et Consuetudines”. O Fundo Geral do Arquivo Histórico da ACL conserva um número considerável de cartas provenientes de organizações científicas homólogas, com as quais ainda hoje se corresponde e troca obras publicadas. Nas últimas décadas, tal proximidade motivou a criação de associações interacadémicas para a cooperação internacional, das quais a ACL é membro. Arquivo Histórico da Academia das Ciências de Lisboa

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