Ofício da Secretaria da Academia das Ciências de Lisboa a D. João VI sobre as futuras instalações no contexto das invasões francesas, 18 de fevereiro de 1809.
– Minuta de ofício expondo as necessidades de reinstalação dos estabelecimentos da ACL e falta de meios financeiros para assegurar a sua manutenção.
Nas primeiras décadas de funcionamento, a história da Academia das Ciências de Lisboa (ACL) pautou-se por uma itinerância sucessiva por vários espaços da cidade de Lisboa até se fixar em definitivo no antigo Convento de Nossa Senhora de Jesus da Ordem Terceira de São Francisco, em 1834. O Documento do Mês de abril agora divulgado, datado de 18 de fevereiro de 1809, vem demonstrar a preocupação da instituição quanto à instalação dos serviços da ACL, entretanto aumentados, contando, à data, com a Biblioteca, Museu, Gabinete de Física e Tipografia. De facto, havia a consciência de que a permanência no Palácio do Sobral, verificada desde 1800, não seria definitiva, interpelando a ACL junto do Governo para se atender a esta questão. Neste sentido, Francisco de Borja Garção Stockler (1759-1819), em nome da Secretaria da ACL, vem “lembrar Sua Alteza Real que os seus citados estabelecimentos são assás preciosos para merecerem igual contemplação a outros efeitos reaes” (fl. 1). Os ditos “efeitos reaes” reportam ao contexto geral de crise e insegurança vivido no decorrer do período marcado pelas invasões francesas que privilegiou a transferência dos bens móveis da Coroa para o Brasil, acompanhando a Corte, “afim de se salvarem da rapacidade dos nossos inimigos”, em detrimento da salvaguarda da própria ACL.
Temendo nova invasão, esta declara não existir no cofre “dinheiro sufficiente nem para o arranjo e embarque da sua Typografia, Bibliotheca, Museo e Gabinete, nem mesmo para as despesas da sua mudança”, situação reforçada ainda pela suspensão do subsídio literário que lhe era consignado para a sua manutenção.