Inventário da Tipografia da Academia das Ciências de Lisboa rubricado por António da Silva Túlio, administrador da Tipografia, e José Maria Latino Coelho, secretário-geral, 30 de junho de 1873.
Descrição dos utensílios e materiais para os trabalhos de composição e impressão de obras e respetiva avaliação.
A Tipografia foi regulamentada por alvará régio de 22 de março de 1781 de D. Maria I (r. 1734-1816), que concedeu à Academia das Ciências de Lisboa (ACL) privilégio para impressão, por um período de dez anos, funcionando a par da Imprensa Régia (1768-1910). Este serviço, inicialmente a cargo do Guarda-Mor dos Estabelecimentos da Academia, passou a contar com um administrador próprio, cargo regulamentado por decreto de 13 de dezembro de 1851.
O “Documento do Mês” de maio vem, assim, destacar um inventário dos bens existentes para os trabalhos de composição e impressão de obras na Tipografia, à data de junho de 1873, cuja administração se encontrava a cargo do sócio da classe de letras, António da Silva Túlio (1818-1884). Dividido em duas partes – utensílios e materiais –, este catálogo sintetiza os instrumentos de trabalho utilizados à época, e como consta em nota preliminar na abertura do inventário, parte destes seria “completamente nova e outra tem pouco uso”, o que indica que a própria Academia tivera feito um esforço recente de modernização da sua oficina tipográfica, avaliado em 7.699$380 reis. Entre os utensílios descritos para as fases de composição, impressão e alçado, destacam-se elementos como tábuas de formas, armários para depósito, quatro prelos para prova e três prensas. No que respeita aos materiais, enumeram-se os tipos – redondo, itálico, sinais algébricos e geométricos, emblemas, guarnições fundidas, filetes e quadrilongos de várias medidas, entre outros “caracteres de phantasia” –, bem como gravuras em madeira e cobre. À semelhança dos tipos de caracteres, os ornamentos tipográficos fundiam-se como elementos decorativos que serviam para executar molduras, cantos, cabeçalhos ou rodapés das publicações. O inventário agora em destaque contribui para uma visão ímpar das técnicas de composição e impressão oitocentistas, além de permitir uma reconstituição física da oficina tipográfica da ACL, espaço de materialização do conhecimento, em funcionamento até à Implantação da República, em 1910. No Fundo Geral do Arquivo Histórico da ACL conservam-se vários registos que testemunham os trabalhos da sua Tipografia, como catálogos-preçário, requisitos para impressão ou orçamentos.
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