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Destaque do Mês – Janeiro

Num mundo de massificação da tecnologia, onde os teclados de computador são considerados por muitos o novo e mais prático método de escrita, dedicamos algumas linhas da primeira newsletter do ano à arte da escrita à mão, comemorada a 23 de janeiro. Entre o excecional património bibliográfico da Academia das Ciências de Lisboa são centenas os manuscritos que poderiam ser evocados. Pela riqueza da mão caligráfica, damos a conhecer dois exemplares que se destacam entre o vasto conjunto documental. primeiro trata-se da conhecida Crónica Geral de Espanha cujo elevado valor literário, histórico, cultural e artístico faz com que tenha sido alvo de interesse por parte de vários autores, das numerosas áreas do saber. A autoridade desta crónica medieval portuguesa não se esgota apenas no relato do papel de Portugal na reconquista cristã. Desde a abertura do prólogo até à última página somos surpreendidos com a singularidade de todo o programa decorativo, onde habitam figuras humanas, fantásticas, animais, objetos ou os motivos vegetalistas. As grandes iniciais historiadas que adornam as margens e introduzem os parágrafos do manuscrito (e do presente texto) são o reflexo da colorida imaginação do(s) seu(s) iluminista(s). Por ser a instituição com o maior número de manuscritos árabes em território nacional – que provêm das intensas missões de evangelização e missionação dos religiosos no próximo oriente – selecionámos um documento do religioso fr. João de Sousa (1735-1812), também conhecido por Yuhannā ad-Dimasqī. Académico correspondente da Academia Real das Ciências de Lisboa, dedicou parte significativa da sua vida ao estudo, ensino e tradução da sua língua materna, o árabe, quer falado como escrito. Enquanto intérprete régio e docente, foi autor de uma vasta obra, impressa e manuscrita, de gramáticas, léxicos e manuais de ensino. Esta vertente pedagógica de fr. João de Sousa é notória no prólogo de um dos seus manuscritos onomásticos, datado de 1778, onde escreve: “Para suprir de algum modo huma cousa quasi impossível me propuz a escrever este papel (…)”. Trata-se de um texto bilingue, em árabe e português, onde o arabista traduziu termos, orações, diálogos comuns ou categorias de palavras tão variadas como profissões,cores, meses do ano, animais ou os números. Conservam-se ainda outros vestígios da importância da escrita para os religiosos do antigo Convento da Nossa Senhora de Jesus. A ordem franciscana, não raras vezes associada a uma menor projeção textual comparativamente com outras ordens e congregações religiosas, não ignorou o potencial comunicativo da palava escrita.Nas mãos dos diversos franciscanos retratados – como fr. José Mayne (1723-1792), fr. Francisco de Jesus Maria Sarmento (1713-1790) ou fr. Manuel dos Anjos (1695-1653), respetivamente – identificamos os instrumentos de escrita predominantes nos séculos XVII e XVIII, a pena e o tinteiro.

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Documento do Mês (AH) – Janeiro

Ofício da Academia das Ciências de Lisboa a D. Maria I, c. 1790/1798

– Carta manuscrita que retrata o estado de degradação dos arquivos do Reino com proposta dos sócios académicos para a sua conservação e organização.

 

A primeira edição do “Documento do Mês” inicia com um ofício apresentado pelos sócios da Academia das Ciências de Lisboa a D. Maria I (r. 1777-1816), no qual se procede à descrição do estado dos Archivos das Camaras deste Reyno. Sem conseguirmos determinar a datação exata deste documento e sua autoria, sabemos que, de facto, os primeiros exames aos arquivos municipais remontam à segunda metade do século XVIII, com o destaque para os trabalhos de João Pedro Ribeiro (1758-1839) e Fr. Joaquim de Santo Agostinho (1767-1845), incumbidos pela própria Academia, da qual eram sócios efetivos da Classe de Letras. Constatando com magoa a degradação de Documentos, considera-se que esta conjuntura seja estrutural da administração central do Reino, pela falta de observância quanto à conservação do património documental que já se verificava nos governos predecessores ao de D. Maria I. Por um lado, nota-se a saída de documentos dos arquivos e seu alheamento por parte de particulares, interrompendo-se as cadeias de custódia, como foi possível constatar nos antigos Índices e respetivos traslados. Por
outro, os Sócios alertam para o escuzo, obscuro e humido acondicionamento dos papéis e pergaminhos que, lançados a monte no fundo de hua Arca ou Armario, perdem o seu contexto orgânico-institucional e, em grande medida, a relação entre si, da qual resulta a confuzão e dezordem. Neste sentido, de forma a evitar a perpetuação dos estragos e a impedir a repetição dos mesmos males, a Academia avança com um conjunto de propostas para a conservação e organização dos documentos. Em primeiro lugar, para o seu acondicionamento sugere-se a utilização de armários abertos com grades, de modo a promover a circulação do ar e a evitar a concentração de humidade, dando preferência a salas com estrutura em abóbada. De seguida, propõe-se a encadernação de documentos avulsos e pergaminhos em maços por tipologia e ordem cronológica (alvarás, cartas régias, provisões e instrumentos judiciais, etc.). Depois, a
existência de, pelo menos, três chaves para a guarda do arquivo. Previa-se também a inventariação dos documentos conservados pelos cartórios e sua entrega à correição da comarca, tutelada pelo respetivo Ministro Superior. Por último, reitera-se a intransigência quanto ao extravio de documentação dos arquivos e cartórios sem ordem expressa da Casa Real. As Observações históricas e críticas de João Pedro Ribeiro, publicadas em 1798, vão precisamente ao encontro destas constatações, explanadas na sua segunda parte, intitulada “Sobre a necessidade de acautelar pelos meios oportunos a total ruina dos Cartórios” – o que nos permite presumir a sua participação na composição do ofício apresentado -, que destacamos como primeiro “Documento do Mês”

Documento Completo

Transcrição do Documento

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Mostra documental – Arquivo pessoal da Prof. Doutora Eva Maria von Kemnitz (1950-2017)

No passado dia 20 de dezembro a Academia das Ciências de Lisboa celebrou a assinatura do protocolo de doação do arquivo pessoal da Prof. Doutora Eva Maria von Kemnitz (1950-2017), conjunto documental constituído por 74 caixas resultantes da sua investigação no âmbito do estudo do Oriente, Portugal e do Magrebe.
Durante o mês de janeiro, o Arquivo da Academia destaca esta doação na mostra documental localizada na antecâmara da Biblioteca da ACL.

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1ª Reunião da Comissão Temática “Tecnologia e Sociedade” dos Observadores Consultivos da CPLP

Na sequência da Reunião das Comissões Temáticas e Novos Observadores Consultivos da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), ocorrida no final do mês de setembro de 2022, a Academia das Ciências de Lisboa (ACL) organizou no passado dia 13 de dezembro de 2022 a 1ª Reunião da Comissão Temática “Tecnologia e Sociedade”.

A proposta da criação da comissão foi inspirada numa classe interdisciplinar da Academia Real da Bélgica, intitulada “Tecnologia e Sociedade” e surgiu da origem da secção incluída na classe de ciências e que integra a Comissão Temática visando estudar os impactos da Tecnologia na Sociedade e em particular como as escolhas tecnológicas de hoje irão condicionar as sociedades do futuro.

Estiveram presentes nesta Reunião além da representante do Secretariado Executivo da CPLP, Doutora Arlinda Cabral, os Professores Doutores José Bragança de Miranda (Universidade Lusófona), João Arriscado Nunes (Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra), António Dias Farinha (ACL), Rui Vilela Mendes (ACL), Jorge Braga de Macedo (ACL, que coordenou a reunião), Maria Salomé Pais (ACL) e Manuel Alves da Rocha (Universidade Católica de Angola), que intervieram dando a conhecer as atividades das suas instituições, e no caso da ACL, as quatro secções representadas. Também se debateram projetos da CPLP, propondo-se novos planos de trabalho para o futuro, destacando-se duas possibilidades de intervenção tais como o levantamento de informação sobre a existência de academias de ciências, ou estruturas análogas, nos demais Estados-Membros da CPLP, por forma a se averiguar a possibilidade de criação de uma rede ou plataforma de diálogo multilateral e a implementação de um site para a Comissão Temática de “Tecnologia e Sociedade” dos Observadores Consultivos da CPLP no Portal da CPLP com o objetivo de divulgar as publicações, atividades e iniciativas. 

A próxima reunião da Comissão Temática de Tecnologia e Sociedade dos Observadores Consultivos da CPLP ficou prevista para janeiro de 2023 tendo em vista a preparação das atividades propostas.

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Celebração do Dia da Academia a 7 de julho

Realiza-se na 5ª feira dia 7 de Julho de 2022, pelas 15:00 o Dia da Academia.

É a primeira vez que a Academia celebra este dia, na sequência da recente alteração estatutária.

Será um momento especial de saudação aos novos sócios efetivos e de acolhimento dos novos sócios correspondentes. E aproveitaremos também este momento para refletir sobre o legado da Academia e sua projeção no futuro.

Do programa da sessão consta também a saudação aos novos académicos feita pelo Presidente da Academia, Prof. Doutor José Luís Cardoso.

Estão convidados todos os membros da Academia a estarem presentes no dia 7 de julho no Salão Nobre, ou a seguirem o evento através da habitual ligação à distância.

Ligação zoom: ligação zoom: https://videoconf-colibri.zoom.us/j/88078128216?pwd=dD24vDhBMy6cDgno3FIZaN7t6LPS5n.1

ID da reunião: 880 7812 8216 Senha de acesso: 123456

É uma sessão pública e aberta a familiares e amigos que queiram convidar.

Vocabulário

Prémios da Academia das Ciências de Lisboa aos melhores alunos do ensino secundário (com o apoio da Fundação Amélia da Mello) – Edição de 2022

A ACL tem o prazer de divulgar a abertura dos prémios António Vieira, Alexandre Herculano e Pedro Nunes, instituídos pela Academia das Ciências de Lisboa, destinado a reconhecer o mérito e a estimular as vocações de alunos do ensino secundário que se destaquem nas disciplinas de Português (Prémio António Vieira), História A (Prémio Alexandre Herculano) e Matemática A (Prémio Pedro Nunes).

Os prémios (no valor anual de 3.000 euros) serão financiados pela Fundação Amélia de Mello e visam distinguir os melhores alunos nas disciplinas mencionadas.

Mais informação aqui.

Aviso de Abertura do Concurso para Atribuição de 2 Bolsas de Investigação para Doutoramento

A Academia das Ciências de Lisboa tem o prazer de abrir o concurso para atribuição de duas Bolsas de Investigação para Doutoramento, nas áreas científicas que correspondem às classes e secções da ACL, ao abrigo do Regulamento de Bolsas de Investigação da FCT (RBI) e do Estatuto do Bolseiro de Investigação (EBI). As bolsas serão financiadas pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) ao abrigo do Protocolo de Colaboração para Financiamento do Plano Plurianual de Bolsas de Investigação para Estudantes de Doutoramento, celebrado entre a FCT e a ACL. 

O protocolo visa o financiamento de trabalhos nas áreas de investigação e desenvolvimento (I&D) subjacentes às classes e secções da ACL, tendo como objectivo a realização de trabalhos conducentes ao grau académico de doutor em universidades portuguesas. Os trabalhos de investigação serão desenvolvidos mediante estreita colaboração entre a ACL e unidades de I&D nacionais.

A duração das bolsas é anual, renovável até ao máximo de quatro anos (48 meses), não podendo ser concedida bolsa por um período inferior a 3 meses consecutivos. 

Consulte aqui o regulamento.